pense no som
no som da palavra
percebe que o texto é nada,
senão som em movimento
atenta para o corpo em forma
que se forma
primeiro, com traços delgados,
quase tímidos. sem cicatriz nem sobrenome,
cresce até eriçar os músculos,
ter contornos de uma história
lambe as pupilas lânguidas
inchadas de mar alto
e cai
lívida
e curvilineamente
desfalecendo-se
na flacidez
de peles mortas.
Canção de Solidão e Esperança
Eu sou
Uma canção de. amor…
Uma ilusão sem cor…
Uma expressão de dor…
Estou
Desesperado à toa:
A vida até que é boa,
Se a nossa mente voa…
Além da linha do horizonte,
Matar a sede numa fonte
De vida e luz…
De puro amor…
Sem morte ou cruz,
Sem amargor…
Nadar em volta de umas notas,
Brilhar num cristal de outras gotas,
E me afogar
Em música
De água de fonte de manhã…
De asas ao vento na manhã
De um dia que eu sei que virá!
Eu vou
Buscar a Vida, então,
Onde houver céu e chão,
E sangue e coração!
Depois
A seiva derramar,
Plantar e esperar,
Colher e me fartar
De arfar e de um gozar ardente,
Do fogo intenso que a semente
Do bem-querer fizer arder,
De alegre dor,
Muito prazer…
Tomar o vinho de outras veias,
Me emaranhar em ternas teias,
E me enterrar
Em súplicas
De ardor, e rogo de tesao,
Na liberdade e solidão
De um Sol que sei que vai raiar!
Então
Não serei mais ator,
Representando amor
Onde só vejo dor!
Já não terei
Pavor!
(Alberto Pontes Moura –
Canção – Brasilia, 16 de março de 1980)
Espero que goste.
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Massa! Gostei demais!
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